terça-feira, 27 de julho de 2010

VERBALIDADES

Poderia ter sido um final triste
Ou quem sabe um final até feliz
Porém não houve fim
Sinto-me a cada dia mais atemporal
Existiu um início e a constância do meio
Com seus desníveis, colocando-me numa montanha-russa emocional
Não há ponto final
Sobram interrogações
Prolongam-se as reticências
Afundo-me em lembranças
Projeto-me num futuro que pode não existir
Não sei o que é passado
Presente é o que sinto
Lembrar o que passou me remete ao que se passa
Melhor, não passa
Se mantém estático do mesmo jeito de quando você saiu
Ah! Não saiu
Você nunca saiu, sai ou sairá
De onde quer que eu esteja
Por isso sei que vai voltar
Pra recomeçarmos de onde paramos
Assim poderemos conjugar e pontuar nossa história a nossa maneira
(Re)Criando a nossa própria gramática sentimental
Na nossa própria concordância
Na nossa própria conjugação
Ao nosso modo e ao nosso tempo.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Vida de Plástico


Hoje é aniversario da minha inexistência
O dia que escolhi pra celebrar
A vida que nunca vivi
Que nunca senti
Insossa
Insípida
Incolor

Comemoro por não ter o que comemorar
Por mostrar toda mentira e a sua importância
Que deixa a minha subjugada
Monstrando, sombriamente, a satisfação
Em saber que não sou de verdade
Não choro
Não rio
Não sofro

O que carrego em meus ombros não é fardo
O que escorre em meus olhos não é lágrima
Meus dentes trincados não é sorriso
É apenas uma massa ambulante
Movida pela vontade suprema
Que vive a se abster da própria existência