Sem resposta

Sentada a frente do computador com uma xícara de café quente. Olhava a tela como quem olha o quadro, profundamente, de um modo analítico, de maneira fixa, quase passional. Buscava um pouco de inspiração por meio das letras de música, por meio de textos clássicos, por meio da tela. Como se brotasse do outro lado do computador um norte, um sentido para cada palavra que viria expor. "Como pode ser tão difícil?" , indagava a si mesma. Não vinha sequer um tema, um assunto de botequim ou uma dor de cotovelo. Percebeu que sua vida estava em perfeita ordem (ou pelo menos acha que está) e que não precisaria descontar suas insatisfações nas teclas do computador. Amor? Bem, obrigada!, Emprego? Bem, muito obrigada!, Estudos? Tudo ótimo! Então de onde vem tamanha inquietação? E é assim que acaba.